
"Clic" e já está: hoje vai iluminar-se o túnel a 100 metros de profundidade, na fronteira entre a Suíça e a França, onde terá lugar uma experiência que pode ser tão importante como a chegada do homem à Lua: o Grande Acelerador de Hádrons (mais conhecido pela sigla em inglês, LHC) vai começar a funcionar, acelerando partículas subatômicas até velocidades que ficam apenas a um fio de cabelo da velocidade da luz. E para que é que serve tudo isto? Para tentar compreender a natureza fundamental da matéria.
.... Em termos de engenharia, para começar: é a maior máquina do mundo, tão grande e sofisticada que não poderia nunca ser fabricada por uma única empresa, ou um único país. Envolve 6000 cientistas, levou uma década a construir e custou dez mil milhões de dólares - mas isso "é apenas 0,005 por cento do Produto Interno Bruto mundial durante esse período", escreveu o físico Stephen Hawking na revista americana Newsweek. "Será que não podemos gastar dois centésimos de um por cento para tentar compreender o Universo?", interroga.
Esta catedral subterrânea (onde caberiam várias Notre Dame de Paris) impressiona pelos números. São usados ali 9600 ímãs para forçar os feixes de prótons e íons de chumbo a dobrarem as curvas deste túnel circular de 27 quilômetros de circunferência.

Estes imãs estão arrefecidos com 60 toneladas de hélio superfluido até uma temperatura ainda mais baixa do que a do espaço profundo: 271,25 graus negativos, perto do zero absoluto. É o maior frigorífico do mundo (na verdade, bastaria um oitavo da sua capacidade de refrigeração para ter esse título), mas no seu interior atingir-se-ão temperaturas 100.000 vezes superiores às do coração do Sol - embora concentradas num espaço minúsculo, inferior ao de um átomo.
É também o local mais vazio do sistema solar, diz o Laboratório Europeu de Física de Partículas (CERN), onde está alojado: as partículas subatômicas aceleradas viajam dentro de um tubo tão vazio como o espaço interplanetário: a pressão interna é dez vezes menor que na superfície da Lua, onde os astronautas saltam como cangurus quando tentam andar.
Fonte: Clara Barata
Fonte: Clara Barata
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